Planejar não dói
Postado em 25/03/2013 Escrito por Edgard Bello
Planejar dá trabalho, mas não dói. Vale a pena lembrar-se disso antes de iniciar um novo projeto, seja ele uma nova empresa, um produto ou serviço. Até mesmo em assuntos pessoais, como comprar um carro ou uma casa, planejamos. E não custa nada destacar que o plano de aposentadoria – que nem sempre está em nosso planejamento -, deve ser um objetivo a ser pensado e executado. Por mais complexo que um planejamento possa parecer, ele vale a pena ser colocado em prática. Mas, como fazer isso?
O planejamento requer disciplina, conhecimento e controle. E também deve considerar muitas variantes, os acertos e erros, as ações da concorrência, sazonalidade, pacotes econômicos, crises diversas, desastres naturais. Tudo deve ser levado em conta.
Vamos tratar aqui do planejamento orçamentário, que envolve as atividades relacionadas à captação das receitas (via comercialização, empréstimos, venda de ações etc), despesas e investimentos. O objetivo do planejamento orçamentário é coordenar as ações e aplicações nas diversas atividades relacionadas ao caixa da empresa, receitas, pagamentos, investimentos, ganhos e perdas, e estabelecer como as metas serão atingidas e como reagir às movimentações do mercado.
Aliás, as surpresas nos negócios são inevitáveis e não escolhem hora para acontecer. Alguns resultados nem são tão surpresas assim, mas certamente afetam o que se planejou para os negócios. Muitas vezes os gestores não conseguem lidar corretamente com uma nova situação imprevista. Mas, ela é educativa no final das contas. Então, aqui está o ponto forte do planejamento: estudar e simular as várias alternativas face aos possíveis acontecimentos futuros.
Até hoje o Brasil é visto como fábrica de ótimos executivos de negócios, de bons gestores. Isso acontece porque o País viveu longos anos de inflação alta e os executivos tinham que se virar para manter a empresa viva e competitiva neste cenário altamente adverso, onde o preço de um produto começava o mês custando R$ 10 e chegava a R$ 20, na quarta semana seguinte, por exemplo. Um tormento também para os assalariados, que compravam e estocavam tudo o que necessitavam, logo que recebiam o salário, para não terem que pagar mais caro no dia seguinte. Este era o tipo de planejamento da época. Hoje os tempos são outros, mas todo mundo aprendeu que é melhor planejar para não pagar a mais depois.
Todos os dias vemos na TV e nos jornais comentaristas e parte da classe empresarial – não só no Brasil -, criticando ações do governos na área econômica, com particular destaque para a “falta de investimentos” em diversos setores, principalmente na indústria. Em uma análise simplificada, o que este pessoal quer dizer é que é necessário “planejar melhor” e investir mais, para que os resultados da economia sejam satisfatórios e positivos.
Não queremos entrar no debate aqui sobre se os governantes planejam mal ou não, mas podemos afirmar que grande parte dos resultados, até aqui obtidos com o PIB – Produto Interno Bruto – no Brasil, são frutos do que o governo conseguiu ou não colocar em prática, do que estava em sua agenda.
Nas empresas também vemos os mesmos problemas: a própria mídia divulga e comenta os balanços das empresas e é possível notar que muitas das grandes companhias fecharam seus resultados com perdas, seja porque o que se planejou não foi atingido ou porque sofreram as consequências das variações da economia e do mercado. É comum ver nos comentários dos executivos que “os prejuízos estavam previstos” e que eles são parte da fase de “consolidação do negócio”. Viu? Até os prejuízos são considerados no planejamento.
O que dói, na verdade, é a falta de planejamento. E como podemos aprender com os erros e acertos, a melhor coisa que temos a fazer é começar a pensar no assunto.
Edgard Bello é CEO da ODE Peopleware, fornecedora no Brasil do Adaptive Planning, solução para o Budgeting, Forecasting, Reporting, BI e Consolidation.